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Walter Sotomayor

 

Lêda Watson é um momento diferente, na sua gravura, na sua vida, no acontecer da cidade. Como todo artista que aqui não nasceu, numa primeira época, cultivou as mitologias de outros horizontes e contagiou as destrezas da sua alquimia às pessoas em sua volta. Na cidade nova, muitas mãos participaram desta fundação da gravura em metal e, seguindo uma velha tradição, os discípulos se nutrem num mesmo local da vitalidade da sua mestra.

 

Agora, impregnada do particular sabor do cerrado, ela aprofunda nas cores e nas formas da transgressão, nos momentos em que o dia se transforma em noite. Lêda sugere entardeceres, pessoas, luas cheias de uma escuridão que pergunta sobre nossa vivência, sobre os nossos sentimentos. Nestas gravuras, há uma descrição minuciosa da sua subjetividade referida a uma paisagem que nos é familiar.

 

O jogo de associações clandestinas e dos segredos no canto da imagem cede lugar ao prazer de recriar as árvores retorcidas, as folhagens enérgicas, os horizontes de fogo e de luz. Nestes trabalhos, não há mais lugar para acasos porque o panorama é único, amostragem de uma visão diária que nos leva ao encontro da terra e seus frutos. Momentos é o resultado de dez anos de peregrinações interiores e de um aprendizado a cada dia enriquecido como a vida e o presente.

 

Correio Braziliense

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