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Nancy Baele

 

1988, Ottawa, Canadá

 

Lêda Watson nasceu em uma família de artistas. Seu avô italiano ganhou o Prêmio de Roma por sua pintura; seu tio é conhecido no Brasil como crítico e pintor. Desde criança, ela foi encorajada a desenhar e a pintar. “Eu sempre desejei que meu trabalho fosse aceito pelos meus próprios méritos e não porque as pessoas reconhecessem meu sobrenome, Compofiorito. Por isso, sempre expus com meu nome de casada: Watson”, disse, na abertura de sua exposição na Biblioteca Nacional.

 

A artista brasileira também insiste que seu trabalho seja avaliado em preços internacionais. “Isto significa que meu trabalho é frequentemente mais barato do que os dos meus alunos. Mas eu sinto que o valor da arte não deva ser inflacionado para um mercado doméstico”. Depois de passar três anos em Paris, onde estudou Belas Artes na Sorbonne e trabalhou com o grande gravador Friedlaender, ela regressou ao Brasil em 1974, abriu seu próprio atelier e começou o ensino da gravura em metal. “Estar fora do país me fez ver as coisas que eu apreciava no Brasil mais intensamente quando eu voltei – as árvores, a paisagem, a qualidade da luz”, disse Watson.

 

A primeira e mais duradoura impressão que se tem de sua mostra de 33 gravuras, feitas de 1973 a 1987, é de fluidas e sinuosas formas e tranquilas e terrosas cores. Watson tem um dom lírico para criar padrões abstratos, sugestivos de estados da mente. Seu primeiro trabalho é quase inteiramente abstrato. Somente suas últimas impressões introduzem figuras que são, frequentemente, escondidas na vegetação.

 

Seu trabalho mais poético é abstrato ou uma equilibrada mistura de grafismo e de formas oníricas. Em três gravuras, uma lua flutua através de uma escura paisagem, como uma esfera fantasma iluminando um rastro de luz. Em seu trabalho mais antigo, Pelos caminhos dourados de um imenso abismo, há um sentido de opostos se apoiando, como quando o óleo flutua na água. Em algumas de suas  últimas produções, como Emoções, em que a representação é utilizada,  o elemento gráfico é bem explícito e esboça um sutil equilíbrio, que é a força de Watson.

 

A exposição na Biblioteca Nacional, 395 Wellington Street, patrocinada pela Embaixada do Brasil, continua até 31 de agosto.

 

Nancy Baele, crítica de arte canadense (jornal Ottawa Citizen)

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